Parece que eu perdi a sensação de estar em uma viagem, não é mais um momento especial da minha vida, e sim a minha vida, com algumas rotinas (porque eu preciso pensar que eu tenho controle sobre as coisas), compromissos e tudo mais que vem no pacote. E claro, estou praticando intensamente a luta infinita contra o nocaute, sempre escapando do soco da preguiça, do tédio, da indecisão, do sono, alegria, da tristeza que dá depois da alegria, da fome, da gula, do peso, da barriga, da insonia, da dor, do amor, da ânsia, da carência, da saudade, da maldade, do ciúmes, da amazide e de muitos etcs.
Enfim, e no meio de tudo isso, a curiosidade por coisas novas continua alta, e eu ainda sinto um prazer absurdo em me arriscar nas pequenas descobertas despretenciosas do meu dia-a-dia. Que vão desde comprar comidas completamente estranhas e nojentas no mercado a fazer cursos de navegação à vela para completos iniciantes, ou de fotografia. Mais do que nunca, tenho realizado vontades que me dão felicidade, e que não serão necessariamente importantes para o meu futuro. São apenas coisas que eu gosto, ou penso que vou gostar, ou que eu acho interessante e curioso e só.
No mais, eu voltei pra Marseille, voltei pra terminar o meu ano na Euromed. Voltei porque estava com muita preguiça de continuar a vida de "amanha é mais uma surpresa", voltei porque estava precisando parar e descansar, queria mesmo era um canto meu. Arrumei um canto meu e coloquei todos os meus pinduricalhos dentro, enfeitei as paredes, pendurei meus desenhos, enfim, dei cara de Maíra pra ele sem pensar que daqui alguns meses eu vou ter que desfazer tudo isso. Arrumei um trabalho também, e ele me ocupa todo o tempo que eu não fico na faculdade. Ainda assim, me sobraram as noites, nas quais ir ao cinema e receber poucos amigos franceses, americanos, ingleses, palestinos, brasileiros, chineses e egípcios pra jogar conversa fora e cozinhar, são as minhas maiores aventuras.
Mas tem uma coisa que não mudou desde o primeiro mês que cheguei aqui. Sempre a mesma história quando eu converso com alguém lá de casa, tipo minha avó, minha mãe ou as amigas, sempre depois do "Oi Maíra, você está bem? já surge a mesma pergunta cretina: "E namorados, já arrumou um Francês?! Irlandês?! Alemão?! Um Suíço?! Eslovaco, então? NÃO, NÃO e NÃO! Eu não encontrei aqui, e nem em outras bandas, aquele amor que agente sente com a barriga, que da felicidade e sossego ao mesmo tempo, que pode confiar pra "navegar".No momento eu levo uma vida que gosto intensamente, faço as coisas que me interessam, descubro coisas que nunca pensei que fossem capazes de me seduzir, e elas me dão prazer, eu decido os meus passos, me mudo, fico parada, me apaixono, tudo do meu jeito, no meu tempo. E é isso. E ponto.
** Eu tinha um vídeo e uma foto para postar junto. Blog ta fazendo birra, não completa os downloads.
Deixe um comentário, um oi, um tudo bem! Ando com saudades!!
5 comentários:
Maíra.
Continuo te acompanhando! De carteirinha, rs.
Parece-me que nos localizamos no istmo entre o sonho e o ceticismo, mas ainda insistindo na busca do tal ‘estado de espírito’ avesso ao comodismo dos dias comuns, mesmo que para este atingirmos seja necessário estabelecer uma "anti-rotina" altamente maleável por sua própria instabilidade. Porém, pede-se estabilidade. Também se pede estabilidade. Alguma coisa de dentro começa a levantar bandeiras e pedir para que nos acomodemos na toca. Maldita rachadura, maldita coceira no olho direito, maldita confusão. Como(?), nos perguntamos. Que fazer quanto aos altos e baixos? Penso que impossível de se livrar. Somos exatamente este desassossego e é graças a ele que conseguimos tocar, vez ou outra, um pouquinho de Absurdo do real. Por todo seu incomodo sentimo-nos mais livres e plenos, mesmo que na tormenta, nos vemos em contato com algo sincero, que não nos tapeia, ao contrário das virtualidades convenientes de nossa espécie, mas é porém, a grande tapeação. Enfim, antes enganado por Deuses que por ratos. Acho que acaba por ser nossa sina. Mas, ressalvando, falo por mim próprio que ainda não sei opinar entra os dois lados deste istmo. Talvez opinar seja o verbo errado.
Um grande beijo.
Bruno
Em primeiro lugar, eu quase fiquei cega depois de ler o post com essas letrinhas em branco e com o fundo escuro. Em segundo lugar, você continua a escrever lindamente!!!
Não deixe que a saudade te sufoque e lembre-se que com essa sensibilidade que você tem, até a mais chata das rotinas sempre vai ter algo surpreendente aos seus olhos!!!
Se cuida aí menina, e demora não! Hehehehehehe!
Beijãozão Má!
Maaa.... nossa fazia tempo que não passava por aqui... da mesma forma que fazia tempo que vc não escrevia...
Esses dias tenho pensado bastante em você... não... não quero saber se arrumou alguém, quem é ou que não é.... Quero saber como anda essa minha amiga... como estão as alegrias, as angustias....as novidades e as mesmices...
Morrendo de saudades de você e dos momentos franceses...hihi...
Se cuida e manda notícias!!
Maíra,
adoro lê seus textos, interessante como sempre!!
A forma como passa seus pensamentos, sentimentos...enfim!!
Esses dias, assisti o filme "Comer,Rezar,Amar" na parte em que a Elizabeth(Julia Roberts)decide viver novas experiências em lugares diferentes por um ano inteiro. Lembrei de você!
Achei super bacana a sua ideia de largar tudo e todos e se jogar por aí. rsrs
Desejo sorte e que vc alcance o objetivo desejado com essas experiencias adquiridas com pessoas e lugares.
Tudo que existe de melhor p vc!
Beijos.
Jane/Santa Brígida/BA.
Maravilhosa! Sincera com vc mesma, em relação aos seus sentimentos e vontades! É isso ai Má!
Vc é foda!
Te admiro muito!
Continue descobrindo o mundo...no seu rítmo, do seu modo...nem preciso falar isso né...
Só não deixe de nos contar quando tiver vontade de compartilhar, é claro... vou adorar saber sua aventuras, mas o que quiser só para vc...ok...nada mais que justo!!!
Beijos
Maitê
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