31 outubro 2010

Vida de Brilhante

 É, fazia tempo que eu não postava nada aqui. E também fazia tempo que eu não sentia vontade de fazer isso. Alias, continuo um pouco sem vontade. Talvez seja por falta de assunto respeitável ou por preguiça genuína. Pode até ser pelo fato de eu achar que nada disso aqui importa muito pra mais ninguém, a não ser, eu. Tem também o fato de que eu simplesmente cheguei num ponto nesta viagem no qual as coisas já não são mais tão tão tão "abrilhantadas". Me entende? Faz um tempinho que fez "clique" aqui e o meu "mundo francês" perdeu um tom na escala das luzes cintilantes. E não é porque algo deu errado, ou que eu não esteja gostando do país, das pessoas, das experiências, não, pelo contrário. Ela apenas deixou de ser novidade. Novidades são sempre brilhantes e eufóricas, no entanto, são extremamente sensíveis ao tempo, e depois de quase 10 meses aqui, novidade agora vai ser voltar para a minha família.
Parece que eu perdi a sensação de estar em uma viagem, não é mais um momento especial da minha vida, e sim a minha vida, com algumas rotinas (porque eu preciso pensar que eu tenho controle sobre as coisas), compromissos e tudo mais que vem no pacote. E claro, estou praticando intensamente a luta infinita contra o nocaute, sempre escapando do soco da preguiça, do tédio, da indecisão, do sono, alegria, da tristeza que dá depois da alegria, da fome, da gula, do peso, da barriga, da insonia, da dor, do amor, da ânsia, da carência, da saudade, da maldade, do ciúmes, da amazide e de muitos etcs.
Enfim, e no meio de tudo isso, a curiosidade por coisas novas continua alta, e eu ainda sinto um prazer absurdo em me arriscar nas pequenas descobertas despretenciosas do meu dia-a-dia. Que vão desde comprar comidas completamente estranhas e nojentas no mercado a fazer cursos de navegação à vela para completos iniciantes, ou de fotografia. Mais do que nunca, tenho realizado vontades que me dão felicidade, e que não serão necessariamente importantes para o meu futuro. São apenas coisas que eu gosto, ou penso que vou gostar, ou que eu acho interessante e curioso e só.
No mais, eu voltei pra Marseille, voltei pra terminar o meu ano na Euromed. Voltei porque estava com muita preguiça de continuar a vida de "amanha é mais uma surpresa", voltei porque estava precisando parar e descansar, queria mesmo era um canto meu. Arrumei um canto meu e coloquei todos os meus pinduricalhos dentro, enfeitei as paredes, pendurei meus desenhos, enfim, dei cara de Maíra pra ele sem pensar que daqui alguns meses eu vou ter que desfazer tudo isso. Arrumei um trabalho também, e ele me ocupa todo o tempo que eu não fico na faculdade. Ainda assim, me sobraram as noites, nas quais ir ao cinema e receber poucos amigos franceses, americanos, ingleses, palestinos, brasileiros, chineses e egípcios pra jogar conversa fora e cozinhar, são as minhas maiores aventuras.
 Mas tem uma coisa que não mudou desde o primeiro mês que cheguei aqui. Sempre a mesma história quando eu converso com alguém lá de casa, tipo minha avó, minha mãe ou as amigas, sempre depois do "Oi Maíra, você está bem? já surge a mesma pergunta cretina: "E namorados, já arrumou um Francês?! Irlandês?! Alemão?! Um Suíço?! Eslovaco, então? NÃO, NÃO e NÃO! Eu não encontrei aqui, e nem em outras bandas, aquele amor que agente sente com a barriga, que da felicidade e sossego ao mesmo tempo, que pode confiar pra "navegar".No momento eu levo uma vida que gosto intensamente, faço as coisas que me interessam, descubro coisas que nunca pensei que fossem capazes de me seduzir, e elas me dão prazer, eu decido os meus passos, me mudo, fico parada, me apaixono, tudo do meu jeito, no meu tempo. E é isso. E ponto.

** Eu tinha um vídeo e uma foto para postar junto. Blog ta fazendo birra, não completa os downloads.

Deixe um comentário, um oi, um tudo bem! Ando com saudades!!



5 comentários:

Anônimo disse...

Maíra.

Continuo te acompanhando! De carteirinha, rs.

Parece-me que nos localizamos no istmo entre o sonho e o ceticismo, mas ainda insistindo na busca do tal ‘estado de espírito’ avesso ao comodismo dos dias comuns, mesmo que para este atingirmos seja necessário estabelecer uma "anti-rotina" altamente maleável por sua própria instabilidade. Porém, pede-se estabilidade. Também se pede estabilidade. Alguma coisa de dentro começa a levantar bandeiras e pedir para que nos acomodemos na toca. Maldita rachadura, maldita coceira no olho direito, maldita confusão. Como(?), nos perguntamos. Que fazer quanto aos altos e baixos? Penso que impossível de se livrar. Somos exatamente este desassossego e é graças a ele que conseguimos tocar, vez ou outra, um pouquinho de Absurdo do real. Por todo seu incomodo sentimo-nos mais livres e plenos, mesmo que na tormenta, nos vemos em contato com algo sincero, que não nos tapeia, ao contrário das virtualidades convenientes de nossa espécie, mas é porém, a grande tapeação. Enfim, antes enganado por Deuses que por ratos. Acho que acaba por ser nossa sina. Mas, ressalvando, falo por mim próprio que ainda não sei opinar entra os dois lados deste istmo. Talvez opinar seja o verbo errado.

Um grande beijo.

Bruno

Laurinha disse...

Em primeiro lugar, eu quase fiquei cega depois de ler o post com essas letrinhas em branco e com o fundo escuro. Em segundo lugar, você continua a escrever lindamente!!!
Não deixe que a saudade te sufoque e lembre-se que com essa sensibilidade que você tem, até a mais chata das rotinas sempre vai ter algo surpreendente aos seus olhos!!!
Se cuida aí menina, e demora não! Hehehehehehe!
Beijãozão Má!

Carol disse...

Maaa.... nossa fazia tempo que não passava por aqui... da mesma forma que fazia tempo que vc não escrevia...
Esses dias tenho pensado bastante em você... não... não quero saber se arrumou alguém, quem é ou que não é.... Quero saber como anda essa minha amiga... como estão as alegrias, as angustias....as novidades e as mesmices...
Morrendo de saudades de você e dos momentos franceses...hihi...

Se cuida e manda notícias!!

Anônimo disse...

Maíra,

adoro lê seus textos, interessante como sempre!!
A forma como passa seus pensamentos, sentimentos...enfim!!
Esses dias, assisti o filme "Comer,Rezar,Amar" na parte em que a Elizabeth(Julia Roberts)decide viver novas experiências em lugares diferentes por um ano inteiro. Lembrei de você!
Achei super bacana a sua ideia de largar tudo e todos e se jogar por aí. rsrs
Desejo sorte e que vc alcance o objetivo desejado com essas experiencias adquiridas com pessoas e lugares.
Tudo que existe de melhor p vc!
Beijos.
Jane/Santa Brígida/BA.

Maitê Rocha disse...

Maravilhosa! Sincera com vc mesma, em relação aos seus sentimentos e vontades! É isso ai Má!
Vc é foda!
Te admiro muito!
Continue descobrindo o mundo...no seu rítmo, do seu modo...nem preciso falar isso né...
Só não deixe de nos contar quando tiver vontade de compartilhar, é claro... vou adorar saber sua aventuras, mas o que quiser só para vc...ok...nada mais que justo!!!
Beijos
Maitê