27 maio 2010

Cachos

Foi tudo muito rápido, quando me dei conta já estava assim. Só conseguia ver as partes caindo lentamente pelo ar até tocarem o chão frio. Podia sentir o sopro da lâmina no meu ouvido e era como se me cortassem por dentro. Quis fechar os olhos pra diminuir a aflição, mas não deu. Quis me levantar daquela cadeira e sair correndo de volta para o mundo, mas não deu. Foi tudo muito rápido. Me fizeram a cabeça e agora já não podia mais voltar atrás.
Não entendeu nada? Pois bem, essa é a história do meu "cabelo-curto". Uma quarta-feira normal, eu estava em Londres, indo para o British Museum, quando uma pessoa me aborda na rua e pergunta qualquer coisa. Eu pensei que fosse pra pedir dinheiro, comida, sei la, ignorei e continuei andando. A pessoa insistiu e eu não tive escolha, parei pra ouví-la. Ela trabalhava numa escola de cabelereiros e estava precisando de um "cabelo cacheado" pra usar como modelo. Como resistir? Fui!
No segundo seguinte eu já estava sentada diante de vários alunos e com o avental bem amarrado no pescoço e a única pergunta que me fizeram foi se eu tinha algum problema quanto ao comprimento curto. Não, não tinha! Pois bem, lentamente o professor foi cortando meus cachos e explicando detalhadamente o que fazia. Eu me assustava a cada movimento da tesoura, mas por algum motivo desconhecido eu sabia que no final eu iria gostar. O próprio fato de mudar qualquer coisa no nosso corpo já é algo que me dá muita alegria. E foi assim que eu ganhei um novo cabelo, como cobaia de aula de salão. E a sensação é muito boa, é como mudar a mobília da casa, é como redecorar a vida!
Antes
Depois
Isso aconteceu na Escola de Cabelereiros do Salão TONI&GUY, que é bem conhecido mundo a fora.

26 maio 2010

Passeios

 Eu tenho uma mania de que gosto muito. Sempre que compro um CD diferente ou encontro algum cantor/banda/música que ainda não conhecia, adoro "testá-la" nas ruas. Explico, a sensação de ouvir uma música dentro de casa, quarto, ou seja, entre os limites das paredes não é a mesma de quando ouço enquanto estou caminhando por ai. Adoro dar novas trilhas sonoras aos meus antigos, ou mesmo, novos caminhos. E muitas vezes eu até dou a sorte de sincronizar lugar, música e momento (é quando da aquela vontade de sorrir sozinha)!
Hoje me aconteceu isso. Já tem um tempo que ando me interessando por jazz, e entrando em um desses "brechós de cd" encontrei um, chamado "jazz in Paris", e ai ficou fácil né. Bom, fácil mais ou menos, pois com o grande volume de músicas novas que eu ando conhecendo, os míseros 8G do meu I-pod estão me colocando em situações delicadíssimas- sempre tenho que apagar músicas antigas para colocar novas (c'est la vie), o que não é nem um pouco fácil. Enfim, coloquei meu mais novo cd e saí numa "promenade" por París. A intenção era chegar no Marché des Enfants-Rouge, o mais antigo de Paris, nascido no século XVI e  que fica na 39, rue de Bretagne, traduzindo, eu tinha uma longa caminhada pela frente, ainda mais sabendo da minha predisposição a me perder loucamente.  Mas devo adimitir, foi uma das caminhadas mais gostosas da minha vida, a música tem um poder tão grande de mudar o cenário, que eu me sentia na França das antigas, dos filmes que agente costuma ver. Parecia que eu era a personagem de um filme, e todos ao redor também, uma bagunça imaginária.
Bom, essa é só uma das músicas dos Cd.
A dica desse "marché" eu tinha lido poucas horas antes(quando a fome era gigante)no site Conexao Paris (o meu oráculo de Paris).  Ando viciada em mercados, e com fome e música nova então, que chance!
Pois bem, sem me perder muito e quase duas horas depois, cheguei ao tal mercado- que quase passei reto, de tão discreto que é. Ele é pequeno, mas tamanho já não é sinônimo de qualidade há muito tempo. As suas poucas "bancas" são de dar água na boca, você encontra desde comida típica libanesa (beringelas, tabules, doces) italiana (pastas e um cheiro de manjericão fresco),portuguesa, marroquina, cubana a japonesa, tudo parecendo muito apetitoso. E como não podia ser diferente, tiver que dar cinco voltas no mercado e analisar cuidadosamente qual era a minha vontade maior. Optei pelo Chez Taeko, de comida japonesa. Pedi um crevettes aux légumes-camarões com legumes- que era uma das especialidades da casa e também receita tradicional da Ilha de Kyushu, e que dispensa comentários.
Mas devo confessar que conforme as outras pessoas passavam com seus belos pratos, eu tinha vontade de experimentar cada um deles, mas isso eu já acho que é um problema pessoal :) Enfim, terei que voltar mais vezes.
Bom, o passeio foi ótimo. Tudo muito combinante, encaixante e....

Ah, vou simplesmente ignorar que faz mais de um mês que não escrevia aqui =)
Ah 2, as fotos não são minhas, iniciante que sou, levei a maquina e esqueci o cartão em casa.