Dia 12 foi meu último dia de Paris. Dentro de algumas horas eu estaria entrando na Itália e começando a parte "low cost" da minha viagem (com os meus dois pés esquerdos). Tudo começou com a minha nova inimiga, Ryanair, empresa aérea que vende passagens à preço de banana(e agora eu sei porque). E o preço pode ser bom, mas a iniciante aqui, pagou bem caro! Primeiro que meu vôo era as 7 da manhã, e saia de um
aeroporto que ficava a 70km de Paris, e os metrôs só começam a funcionar as 6, ou seja, tive que pegar um taxi e depois um ônibus até lá. Ok, até ai tudo azul! Chegando no aeroporto descobri que minha mala pesava mais que os 10 míseros quilos permitidos, e que eu deveria pagar pelo excesso, o que custaria mais do que a própria passagem. Brasileira que sou, tive que dar o tal "jeitinho", e despachei alguns quilos com um simpático casal desconfiado. E como se não bastasse todo o transtorno, ainda tive que aguentar aquelas aeromoças bizarras que desfilam seus uniformes mais bizarros ainda, em corredores espremidos(mas não tão espremidos quanto as poltronas) e dão risadinhas idiotas enquanto nos ensinam como reagir em caso de queda(?). No geral, o vôo foi tranquilo, dormi na maior parte, e dentro de uma hora, outro ônibus, um metrô, mais um ônibus cheguei na casa da
Ritinha, em
Milão. O pé esquerdo continuou presente por um tempo. Demos uma boa rodada pela cidade glamurosa, mas foi só, dia seguinte partiriamos cedinho para o próximo destino. Destino um, conhecer o carnaval mais antigo do mundo, o de
Veneza. Tudo bem que perdemos o trem por 30 segundos, mas depois pegamos outro (que parava cinquenta e oito vezes).
A cidade, que existe contra todas as probabildades e que fica no nordeste da Itália, é banhada pelo mar Adriático e é de "cair o queixo"! Nos tempos passados ela já foi potência comercial, rica e controlou muitas rotas comerciais entre a Europa e o Oriente. Seu auge se deu na Alta Idade Média(alguém lembra das aulas da Tânia?). E essa mistura entre Oriente e Europa é evidente; na arquitetura, casas tradicionais, igrejas góticas e palácios com "suspiros" no topo. As ruas são super estreitas e pra cada canal que cruza a cidade existe uma ponte. As casas são completamente estragadas por fora, mas dizem que são luxuosíssimas por dentro. Meio de transporte? Nem sonhe em carros ou ônibus, aqui tudo é "a la" vaporeto ou gondôlas. E quanto ás gôndolas, existem desde as mais populares e baratas até aquelas carésimas, pros casais mais apaixonados.
Durante o carnaval, haviam shows em todas as praças da cidade(e olha que não são poucas). Desde teatro de rua, show de mágica, cantores, circo, dança, até desfiles de animais gigantes feitos de papel mache. Sem contar as máscaras e os elegantes trajes que circulavam por todas as esquinas. Dona bebé me explicou que as máscaras começaram a ser usadas pelos nobres, que queriam participar das festas populares mas não podiam ser reconhecidos lá. Ou seja, com as máscaras tudo era permitido e viva a liberdade! Depois, os elegantes bailes de gala adotaram a estratégia também.
Na praça principal, São Marcos, é onde acontece o "furdunço" grande. Os maiores desfiles e multidões concentram-se la. Andamos o dia inteiro pelas ruelas, lojas, praças, shows, pontes, até chegarmos na praça. Aí a máquina fotográfica não teve nem tempo de pegar fôlego. E a base de vinho, dançamos com os Hare Krishnas, assistimos aos desfiles, apreciamos os trajes de gala e suas belas máscaras. Curtimos "a valer" :).
O porém, ainda não mencionado, é que não tinhamos onde dormir.Todos os albergues e hotéis estavam, ou lotados ou fora do meu poder aquisitivo. Ou seja, precisavamos encontrar alguma solução. E já eram 7 da noite e agente não tinha nem começado a procurar, e na verdade, nem estavamos lembrando muito disso. E foi ai que eu tive certeza que o meu "pé esquerdo azarento" tinha ficado em Milão. Conhecemos um grupo de italianos, simpatia no ato, melhores amigos em menos de 5 minutos. E não é que entramos em um bar, eu fui ao banheiro, e quando voltei já tinhamos onde dormir(crédito da Rita Maria).
E a nossa sorte não terminou ai, além da turma ser sintonia total, o apartamento era excelente, quente e bem localizado. A música era ótima, vinho a la vontê. E no agito do dia, agente nem se preocupou muito em comer, então, fome a milhão, E imaginem só, um dos novos amigos era chefe de um restaurante, "alegria maior não há"! Ele preparou uma bela macarronada italiana, de tirar o chapéu ( e claro, eu peguei a receita).
Depois de alguns dias em Veneza pegamos um trem noturno (velha tática de viajar durante a noite e economizar no albergue) rumo a Roma.
Resumindo, o carnaval daqui, que não tem muito a ver com o
daí, é bem bonito e foi muito divertido. Durante o resto da viagem sempre vinham as imagens da "festa" na cabeça e dava uma vontade de sorrir. E eu sorria, e olhava pra Ritinha, que me sorria de volta, entendendo no ato a sensação. Muito bom!